Um brinde aos que escolheram renovar-se, porque venceram os temores herdados e as ilusões mercadejadas. Um brinde aos que ainda hesitam, porque o seu ceticismo é legítimo, ainda que recheado de ontem; a qualquer momento podem tomar a estrada, se o amanhã lhes tocar o desejo. Um brinde aos que transitaram para o desafio e não estacionaram na preocupação, nem no olhar recebido, nem na obediência, nem no mais sensato Assim-É. Um brinde aos que maximizaram o objetivo, porque não se contentaram com as vitrinas, nem com a modéstia que não ofende, nem com a guerra no espelho. Um brinde aos que ordenham o olhar na prospecção dos fatos, porque fazem nova gemada com os ovos (da galinha) de Colombo; e aos aromistas do diagnóstico, porque são estes que sintetizam o cristal e o reinvento. Um brinde aos que abrem as portas à ingenuidade, à surpresa e à insubmissão, porque germinam novas sementes perante as verdades embalsamadas. Um brinde aos avaliadores que não desperdiçam as nozes de Nietzsche nem atendem às vozes dos conselheiros, porque concedem saber à novidade da criança e acrescentam oportunidade ao espanto. Um brinde aos que não se consolam na fórmula, mas cuidam da nova criança, porque assim dão músculos ao pensar e tornam confiante o descobridor. Um brinde às caminhadas, porque, além dos achados, reativaram os músculos e mostraram que vale mover-se. Um brinde aos que chegaram e aos que nunca fugiram, aos que aprenderam e aos que não ancoraram na bahia-limbo do conforto. Um brinde aos que esqueceram as lições e as ladainhas, porque agora estão livres para produzir surpresas no pensar e riquezas no agir. Um brinde aos que semeiam, ainda quando perdem a semente; aos da meia noite e aos da nova manhã, porque para todos há música e vinho do Reno com gosto de pitomba. Por maior que seja a pressa, preveja no mapa o lugar da sombra para comemorar não apenas o que foi, mas principalmente o desejo consistente; e neste quiosque da festa íntima dimensione a nova estrada dos dias, escute a música dos desafios e acrescente o seu próprio brinde ao ainda não pensado.